Esse artigo é referente à análise dos danos ocorridos em um veículo contendo características de incidência de descarga elétrica atmosférica (raio), mas com a alegação inicial de pane por defeito do produto por parte do seu proprietário/usuário.
Quando veículos são atingidos por raios a intensidade de energia é um parâmetro amplamente variável, o que pode motivar comportamentos inesperados dos sistemas embarcados, entre danos imprevisíveis e distintos entre si, comparativamente.
As imagens acima são ilustrativas e mostram o instante em que um veículo é atingido por uma descarga elétrica atmosférica (raio) (Fonte: YouTube).
Do relato apresentado sobre o caso particularmente analisado, o veículo envolvido (pick-up) sofreu uma pane geral após a narrativa de um forte estouro, típico da incidência de um raio.
Mesmo que danos diversos possam ocorrer em partes e sistemas do veículo, o interior de uma cabine fechada em estrutura metálica é um ambiente satisfatoriamente seguro para o caso de incidência de raio sobre o mesmo, em função do conceito da “gaiola de Faraday”. A carroceria metálica será capaz de anular o campo elétrico dentro da cabine, tornando improvável a movimentação de cargas elétricas sobre os ocupantes.
Nessa análise constatou-se que o retrovisor externo do veículo restou totalmente danificado e marcado como tendo sido o ponto de incidência da descarga elétrica atmosférica. Também foram identificadas avarias no chicote elétrico e na central body computer, assim como a ausência de comunicação entre a rede veicular e a central de controle motor, o que motivou a pane na partida.
Retrovisor externo danificado (partes arrancadas) por descarga elétrica atmosférica.
Marcas de descarga elétrica sobre a estrutura metálica do retrovisor e cabos de comandos.
Marcas de descarga elétrica sobre a estrutura metálica da porta (região de fixação do retrovisor).
Dispositivo de controle manual do retrovisor externo com os cabos metálicos rompidos por fusão – efeito Joule.
Fusão dos cabos de comando do retrovisor externo.
Os cabos metálicos de comando manual do retrovisor sofreram fusões por sobrecarga térmica, indicando que uma grande quantidade de energia passou pelos mesmos. Destaca-se que tais cabos não estão sujeitos a passagem de energia elétrica advinda de qualquer fonte própria do veículo.
Placa da central body computer, componentes eletrônicos e terminais elétricos também foram avariados por sobrecarga elétrica.
Contudo, os indícios encontrados no veículo analisado, em particular, no em torno do retrovisor externo e em partes do seu circuito elétrico, são característicos da incidência de uma descarga elétrica atmosférica (raio) como causa da pane funcional ocorrida, não se tratando, portanto, de defeito do veículo.